A gestora Legacy tem uma visão mais agressiva em relação aos juros no Brasil, apostando que o Banco Central (BC) tem espaço para cortes mais pronunciados na Taxa Selic. A Legacy acredita que a Selic poderia atingir o patamar próximo de 8% no final deste ano, enquanto os economistas consultados no Relatório Focus do BC preveem uma Selic de 9%.
A aposta da Legacy é fundamentada na crença de que não haverá recessão na economia global e local. A gestora espera uma desaceleração na atividade econômica e destaca uma visão positiva para a inflação. A média dos núcleos do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem permanecido em um “patamar consistente com a meta” desde o meio do ano, segundo a Legacy.
A Legacy também observa sinais de desaceleração na economia no quarto trimestre de 2023, especialmente no consumo das famílias. A inadimplência no setor corporativo continua alta, assim como as recuperações judiciais de pequenas e médias empresas. A previsão da gestora é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 1,5% em 2024, com uma inflação de 3,2%.
Para aproveitar a possível aceleração dos cortes da Selic, a Legacy mantém posições aplicadas em juros reais e nominais no Brasil, bem como em juros mexicanos. A gestora também mantém exposições táticas que se beneficiam de cortes de juros nos Estados Unidos e na Europa.
Em relação às moedas, a Legacy espera que a possibilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) nos EUA leve a uma desvalorização do dólar em relação a outras moedas. A gestora realizou apostas vendidas em dólar e euro, além de posições que se beneficiam da desvalorização do real em relação ao peso mexicano.
Apesar do otimismo, a Legacy está atenta aos riscos, incluindo a possibilidade de que o afrouxamento das condições financeiras pressione a inflação e que os efeitos defasados do aperto monetário de 2022 e 2023 causem uma desaceleração mais intensa das economias. A gestora destaca a importância da cautela em meio a um ambiente de relativa euforia nos preços dos ativos.